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Foto do escritorDayane Rocha

O esporte estudantil como divisor de águas na adolescência

Atualizado: 14 de jun. de 2023

Como reforçar a importância do esporte estudantil como ferramenta de transformação com apenas 35% das escolas públicas com quadra esportiva?



Imagem: Delegação Brasileira - CBDE

"Pega a visão". Quem não quis ser um craque do esporte na adolescência? Como o Pelé no futebol, a Dayane dos Santos na ginástica, a Fofão no voleibol ou o Leandrinho no basquete?


Quem não teve aquele amor que iniciou através de uma professora de Educação física? Comigo foi assim, eu criei meu amor pelo esporte através da minha professora na 5° série, naquela época nos anos 2000 havia ainda interclasses e jogos olímpicos escolar, o que fazia com que todos os alunos se mobilizassem em prol das modalidades e das ações sociais quem também valiam pontos.


Todavia, nos anos 2000 na escola pública de Diadema eu não tive a oportunidade de competir nacionalmente pela minha escola, e mesmo quando ingressei nas categorias de base do Centro Olímpico de São Paulo, demorei alguns anos para receber minha primeira ajuda de custo.


Hoje precisamos falar da importância do esporte nas escolas e vamos além, precisamos enfatizar o quão o bolsa atleta estudantil pode ser um divisor de águas nas decisões dos adolescentes do nosso país, que muitas vezes recebem diversas propostas de caminhos distintos, isso quem vos fala sou eu 'mina de quebrada' que já teve que escolher um dia qual caminho seguir, o certo ou o errado.


"Se liga", no Brasil em 2021 após 17 anos em pausa, a competição de maior importância para o esporte estudantil no país o (JEB’s) “Jogos Escolares Brasileiro” aconteceu e contou com mais de cinco mil estudantes entre 12 e 14 anos das 27 federações.


Em 2022 o número de estudantes aumentou, foram 2.839 meninas e 2.819 meninos distribuídos entre 17 modalidades, 12 individuais e 5 coletivas, o que comprova o crescimento do campeonato anualmente.


O evento é organizado pela Confederação Brasileira de Desporto Estudantil (CBDE) e o resultado dos Jogos Escolares Brasileiros servem para indicar os medalhistas para a categoria Estudantil do Bolsa Atleta que recebem atualmente 12 parcelas no valor de R$370, programa do Governo Federal voltado para o esporte de alto rendimento. No ano de 2023 foram 567 atletas contemplados na categoria estudantil.



Para os atletas que pertencem a famílias em condição de vulnerabilidade inscritos no Auxílio Brasil/Bolsa família, a competição pode ser complementar para indicação ao Auxílio Esporte Escolar com 12 parcelas no valor de R$100 e uma parcela anual de R$ 1.000 de incentivo a continuação da prática esportiva.

Conjuntamente as ações de ajuda com os custos, os atletas podem pertencer a delegação que representa o Brasil em competições internacionais, um sonho de muitos adolescentes que se dedicam ao esporte diariamente.


O campeonato estudantil no Brasil está além do esporte, enquanto o evento acontece esses adolescentes atletas podem partilhar de experiências, da diversidade cultural que temos no nosso país, ancestralidade, inclusão e respeito, o esporte pode transformar suas vidas, decisões e suas relações,


“vai além da prática da atividade física, é uma poderosa ferramenta de segurança pública, educação, cultura e lazer.”

Contextualizar é preciso para entender a força do esporte nas escolas, principalmente quando falamos de escola pública, de acordo com o Censo Escolar de 2022, somente 35% das escolas públicas têm quadra de esportes, e esses números são inferiores em relação à prática das aulas de Educação Física após a pandemia.



Imagem: Escola Estadual Professor Ennio Voss - Site ABC do ABC

Infelizmente tentamos entrar em contato com os órgãos responsáveis para entender como estava a representação das escolas da rede pública no campeonato estudantil no ano de 2022, mas não tivemos retorno.


Sabemos a importância da prática de atividade física na infância, porém a prática de esportes na adolescência pode ser um divisor de águas principalmente quando falamos das regiões periféricas. A existência do programa que apoia à prática esportiva fortalece a mensagem da continuidade para esse adolescente, que muitas vezes precisa decidir entre, escola, esporte e trabalhar para ajudar a família, salva as suas exceções que são existentes, muitos atletas conseguem se manter no esporte com o resguardo de seus pais ou familiares, que se multiplicam para poder oferecer uma nova oportunidade e realidade para seus filhos.


Mesmo na posição de decisão, alguns desses jovens de classe média/baixa com o sonho de chegar ao alto rendimento e as possibilidades que o esporte pode trazer, se submetem ao exercício de três funções: estudar, treinar e trabalhar, tudo pela oportunidade que talvez possa alcançar.


Não é fácil escolher o esporte sem apoio, então é preciso reforçar os programas, aumentar o número de atletas na categoria estudantil, com possível acesso para as categorias de base das diversas equipes entre todas as modalidades espalhadas pelo Brasil.


Nos quatro cantos do país temos jovens atletas ou ex-atletas que tiveram que fazer escolhas difíceis que colocaram o esporte de um lado e os estudos do outro, ou até mesmo os estudos de um lado e o trabalho do outro, tornando o esporte um sonho, mas não precisa ser assim, na verdade o esporte e a educação se complementam, o Estado precisa reforçar a unificação de ambos nas escolas.


‘Aqui o papo é reto’, os programas de incentivo ao esporte estudantil mencionados acima certificam ao atleta o apoio do Estado, mas é preciso aumentar o número de quadras esportivas nas escolas, é preciso reforçar o cronograma que é oferecido para as aulas de educação física, que precisa ter a sua importância na grade curricular. Não podemos aceitar como população que apenas 35% das escolas públicas tenham quadra esportiva, e os outros 65%?


Do esporte nas escolas nasceram muitos dos nossos atletas que representam o nosso país pelo mundo, mas todos nós temos uma história para contar da nossa época na escola e das aulas de educação física sendo o atleta da turma ou tendo outras habilidades.


Deixe aqui nos comentários sua relação com a educação física na adolescência, como era na sua escola?


**Este é um conteúdo da Afro Esporte, porém o texto acima não reflete necessariamente a opinião da Afro Esporte.

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2 Comments

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Jana Gomes
Jana Gomes
May 28, 2023
Rated 5 out of 5 stars.

Sinto que o atleta tem um lugar de fala que a sociedade deveria dar mais valor, respeita e principalmente escutar. Que olhar precioso esse seu. Texto incrível e que dura realidade vive o jovem atleta nesse país. Peguei a visão! Parabéns.

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Guest
May 27, 2023
Rated 5 out of 5 stars.

Nada melhor do que um uma HISTORIA REAL de quem viveu a experiência, então sabe o que fala, pois dessas experiências consegue ter a visão além de qualquer "especulador", você assim como outros atletas conseguem ver os pontos certos a serem melhorados trazendo eficiência onde precisa.


Parabéns!! 🇧🇷

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